segunda-feira, dezembro 20, 2004

O ano de 2004 está a terminar...

Mais um ano termina. Este blog foi inaugurado em Fevereiro. Não tive muito tempo de o alimentar com escritas. Aproveito para encerrar um cíclo. O Folha de Coral terminará com o ano. Talvez um novo blog possa surgir... ou talvez nenhum quem sabe... Obrigado a todos os que tiveram a paciencia de ler, desculpem se criei espectativas e as deixei cair. Ficam os agradecimentos sinceros aos visitantes deste blog. A todos um Bom Natal e Bom Ano Novo!

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segunda-feira, novembro 15, 2004

Nunca mais...

Nunca mais olharei para ti da mesma forma...
De repente aproximas-te como uma víbora
Pronta a derramar o seu insólito veneno.

Hipnotizas com as tuas falas mansas
Embriagas com a tua lingua aveludada
Tocas os sentidos para logos os retirares

Por momentos a presa anestesiada sente o teu corpo sobre ela
retorcendo-se na volúpia da traição.
Paira no ar o odor fétido da conspiração
E sem remorços deixavas dormir ao longe

O inocente que de nada sabia
Que nos seus sonhos sonhava contigo
Enquanto que ao longe dançavas
A dança macabra de quem trai o seu amor.

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sexta-feira, novembro 12, 2004

Opressões

Não estou naquelas fases revoltadas, mas de vez em quando apetece-me cometer um crime hediondo! Há pessoas que me tiram do sério... Nem sei como é que podem co-existir com os restantes seres humanos!

Hoje em dia, a repressão políticamente correcta, a exploração legítimada pela lei e a inconsciência social não serão menos crimes do que o raio de uma agressão física tão clássica como um soco no focinho do meu patrão...

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domingo, outubro 17, 2004

Hola Quiero ser como tu!

Não tenho escrito nada... sou mesmo um maldito! São as vicissitudes da vida... Peço desculpa a todos os que vem aqui regularmente e n encontram nada de novo!

No entanto, reinicio a minha escrita com uma memória da minha infância... aquele macaco que havia nas ruas e que dizia "Hola quiero ser como tu... quieres hablar conmigo?"... Tenho saudades desse macaco! Quero tê-lo na minha casa! Pelo menos vê-lo na rua ou tirar-lhe uma fotografia! Sabem onde o posso encontrar... ou quem sabe onde o possa comprar para o levar comigo para casa e ser feliz????

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quinta-feira, julho 08, 2004

A galinha da vizinha põe mais ovos que a minha...

Quem nunca desejou ter o que o outro tem? Quem nunca sofreu de dor de cotovelo? Quem nunca se rendeu ao ímpeto da inveja e do ciúme? A inveja... esse sentimento tão típico do ser humano. Inveja que é prima do egoísmo. Egoístas somos todos, uns mais assumidos outros menos.

Viva a inveja, o egoísmo, o narcisismo saloio, as peneiras, as manias! É graças a eles que podemos ver a mesquinhez e a podridão de carácter de certas pessoas que nos rodeiam. Quem for egoísta, egocêntrico, narcisista, oportunista, calculista que o assuma! Pelo menos que sejam sinceros e não acrescentem a esse rol de características a hipocrisia... Mais vale um oportunista honesto do que um altruísta hipócrita!

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sábado, julho 03, 2004

O Mundo à minha volta (Cap VIII)

Decidiu entretanto, continuar com o seu passeio. À medida que ia caminhando continuava a pensar em todas as pessoas simpáticas, se bem que tinha de separar no seu ‘arquivo’, aquelas que não faziam parte da categoria. Chegou ao ponto de pensar que gostaria de lidar apenas com pessoas simpáticas. Pensou mesmo que o ideal seria acordar sempre bem disposto e ser simpático para todos, especialmente para aqueles de quem não gostasse. Mas afinal de contas, sempre seria necessário que existisse gente simpática e gente de sorriso falso, para que ele soubesse dar valor a quem realmente primasse pela sua simpatia. O que ele não queria era que as pessoas de dentadura feia, não sorrissem para não destroçarem a paisagem. Na sua vida já tinha conhecido vários tipos de pessoas, mas continuava a pensar que nenhuma das que estavam na categoria dos ‘menos simpáticos’ fosse integralmente má. Na base daquela aparente crueldade, estariam factores que condicionariam essas pessoas e que muitas vezes lhes eram alheias. Mas muitas vezes, ele tirava conclusões algo precipitadas. Havia pessoas que achava simpáticas e que eram tremendamente infelizes. Eram pessoas que não estavam contentes consigo próprias e que não viviam sem o contacto permanente com os outros, ainda que muitas vezes fictício. Mas sabia que ninguém seria perfeito enquanto vivesse neste mundo. Sabia também que enquanto estivesse contente consigo próprio e com os outros e se soubesse sempre manter a calma, saberia todas as manhãs, cumprimentar o mundo com um sonoro “Bom dia!!!”
Sentou-se num dos bancos do jardim e ali permaneceu, observando as pessoas que iam passando. Ali poderia ver uma enorme variedade de pessoas que se cruzavam à sua frente. Era engraçado pensar como é que no mundo, com tantos milhões de seres humanos, cada um pudesse ser único. E tal como as jóias raras, o ser humano, seria algo muito precioso. Começou a ficar triste, ao pensar nas pessoas que se suicidavam, se drogavam e se magoavam a elas própias por falta de auto-estima. Será que elas continuariam a fazer tais acções, se tivessem consciência que possuíam algo extremamente valioso - elas mesmas?

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sexta-feira, julho 02, 2004

O Mundo à minha volta (Cap VII)

Já era hora do almoço, mas ele não tinha muito apetite. Resolveu sair novamente para a rua. Afinal, a sua ‘missão’ de tentar encontrar o que lhe faltava para se sentir completo, ainda não tinha terminado. Desta vez tinha decidido passar pelo jardim. No jardim existia um parque infantil. Mário adorava passar por lá, para ver os miúdos a brincar e imaginar os seus tempos de infância quando andava exactamente no mesmo baloiço onde estava agora, praticamente quinze anos depois, uma menina de cabelos loiros e compridos que ondulavam à medida que ela ia para trás e para a frente. Mário parou a observá-la. Ainda à pouco, estivera a recordar os seus tempos de infância, e agora já tinha saltado para o futuro, imaginando que ali estaria, naquele local onde se divertira nas tardes de Domingo, desta vez com o seu próprio filho vendo-o a brincar.
A menina que se baloiçava deixou perder o balanço e quando achou que já tinha segurança, deu um pequeno pulo para a terra batida. Mário aproximou-se dela, baixou-se e perguntou:
- Olá! Como te chamas?
Mas a menina, que teria pouco mais de cinco anos, baixou os olhos e balbuciou algo, muito difícil de perceber, mas que parecia o seu nome. Logo de seguida afastou-se, com ar muito tímido, em direcção aos seus pais que tomavam café numa pastelaria ao lado do parque infantil. Mário seguiu a menina tímida com o olhar. Mas não se importou que ela não lhe tivesse falado. Ele gostava muito de pessoas tímidas. E por mais incrível que pudesse parecer, porque tinha uma certa inveja delas. Ele era uma pessoa extrovertida, mas achava que mesmo os extrovertidos tinham de ser tímidos num primeiro encontro. Mário tinha horror àquelas pessoas que ficavam logo íntimas como se não fosse necessário fazer nada para conquistar os outros. Até já tinha sido apresentado a pessoas, que logo no primeiro encontro, o tomaram como se fosse um território onde achavam que podiam entrar sem convite. Eram os tímidos, os tímidos convictos que tinham a sua admiração. E particularmente admirava uma sua amiga: a Vera. Essa sim, era tímida até aos ossos. Admirava-a, porque ela não se impunha aos outros à força; quando falava era geralmente porque tinha qualquer coisa de importante para dizer, ouvia as histórias dele até ao limite da paciência e era o ombro onde mais apetecia chorar. Vera era uma pessoa muito mais sábia do que ele, porque perdia muito mais tempo a observar o que se passava à sua volta. Era muito silenciosa. Mas o seu silêncio não era pesado. Acima de tudo tinha um sorriso que Mário geralmente não tinha. E ele sentia uma grande ternura em relação a ela, precisamente por causa disso: como o seu sorriso não era frequente, tinha muita mais graça. Depois começava num canto da boca e ia-se transformando num sorriso só, aos poucos e poucos. Quando Mário conseguia faze-la sorrir, sentia um nó na garganta e só lhe apetecia que ela nunca mais deixasse de o fazer. Mas ela deixava. Havia outras alturas que constituíam verdadeiras vitórias para Mário. Era quando ele conseguia com que Vera deixasse durante um bocadinho de ser tímida com ele – sem ter de usar copos para a desinibir. Para que essas vitórias fossem especiais, era preciso que ela se sentisse tão segura, que fosse ela própria. Era quando ela falava de si e das coisas que a aborreciam, fazia comentários cínicos de quem tinha afinado muito bem as palavras antes de as dizer. Para Mário, Vera era daquelas pessoas que escusavam de trazer presentes ou flores no seu aniversário. Bastava aparecer.

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